Sunday 22 April 2012

Órfã de língua-Mãe

Já não sei pensar em Português.
Há dias que falar a língua do coração depois de um dia de trabalho é tarefa tão complicada que evito fazê-lo.  Prefiro a comunicação escrita. Essa vai funcionando, com expressões traduzidas directamente do sueco, com um português da quarta classe, com direito a erros ortográficos, preposições trocadas e outras coisas tais, impensáveis há seis ou sete anos atrás.

Os olhos espremem uma lágrima e as cordas do coração vibram mas não tenho língua que os traduza. O meu Português empobreceu e morre a cada dia que passa. E como o meu Sueco não me é uma língua emocional, apenas técnica, morre a poesia em mim. Cai outra lágrima, solta-se um suspiro e eles ficam trilhados entre a boca e o coração, entre a caneta e o cérebro, aprisionados nesta órfã de língua-Mãe.

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